O conceito de mundo VUCA surgiu em meados dos anos 1990, a fim de explicar uma nova dinâmica de mundo. Em um cenário pós Guerra Fria, o contexto era de instabilidade, insegurança mundial, transformações rápidas e a forte presença tecnológica.
Saiba mais em: O que é o mundo VUCA.
A tecnologia funcionava como uma força vital para construir novos modelos de negócios e ampliava oportunidades de sucesso para empresas e profissionais de uma forma nunca vista antes.
No entanto, este conceito já começava a cair em desatualização com a ampla digitalização que vivenciamos nos últimos anos. E mais importante: com a pandemia, analisar o mundo pelas lentes VUCA não faz mais tanto sentido.
Assim, os avanços digitais potencializados pela pandemia, comprometem o sentido que VUCA dava ao cenário mundial. Para identificar isso, basta analisar os negócios e perceber como a forma de fazer as coisas mudou profundamente.
O conceito BANI
O conceito de BANI, marcando a passagem de volatilidade para agilidade, da incerteza para ansiedade, da complexidade para a não linearidade e da ambiguidade para a incompreensão.
O acrônimo BANI foi criado em 2018, antes do COVID, mas a pandemia que acelerou a transformação digital também fez com que esse novo acrônimo fizesse mais sentido. Significa Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible, ou, em português: Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível. O conceito passou a ser usado especialmente para descrever o panorama pós-pandemia.
1. Brittle (Frágil)
O mundo é frágil. Um vírus coloca o mundo inteiro em quarentena, uma falha em um sistema fecha uma loja, um passo em falso de um executivo derruba a empresa na bolsa, uma praga destrói uma plantação, uma falha em uma estação elétrica deixa um estado sem energia, uma tecnologia nova provoca a demissão de milhões de pessoas.
O que temos certeza hoje, pode virar uma incerteza amanhã. A economia pode mudar, o mercado pode evoluir e até mesmo pandemias podem acontecer. Temos que ter sempre uma carta na manga. Uma saída para situações urgentes. Precisamos nos preparar para o imprevisível, buscando sempre estar um passo à frente.
2. Anxious (Ansiedade)
A incerteza nos causa ansiedade. O senso de urgência pauta muitas decisões. Uma oportunidade pode abrir em uma curta janela de tempo e precisa ser agarrada. Trabalharemos com uma margem de erro maior, mas com atitudes mais rápidas e oportunidades aproveitadas.
Com tantas tragédias acontecendo, ler as notícias pode ser angustiante. Muitos de nós decidimos então nos isolar, ou não lendo notícias ou ficando em uma bolha onde criamos a falsa ilusão de que temos controle sobre as coisas.
3. Nonlinear (Não-linearidade)
Grandes planejamentos podem não fazer tanto sentido no mundo BANI. Tudo está em constante mudança, logo, é preciso adaptar o seu negócio para fazer parte dessa realidade. Várias ações estão em curso simultaneamente, é um mundo não linear, nós não temos controle. É difícil ver as conexões entre diferentes coisas ou sacar que outros projetos e processos acontecem paralelamente ao nosso redor.
4. Incomprehensible (Incompreensível)
Buscamos respostas para tudo, baseado nas inúmeras informações que recebemos. Montar uma estratégia com base em dados pode não dar certo, pois o ser humano muda de ideia o tempo todo. O risco está presente em cada decisão tomada.
Com tantas mudanças, com tantos acontecimentos, é fácil perder a conexão com a realidade, mas não são apenas as notícias que dificultam nossa compreensão do mundo. O avanço tecnológico foi tão profundo em diversas áreas que já não é mais possível entender como as coisas funcionam.
Conclusão
O conceito BANI foi desenvolvido pelo antropólogo, autor e futurista norte-americano Jamais Cascio, que observou que o VUCA estava obsoleto e não mais funcionava em um mundo tomado pela pandemia. O novo acrônimo carregaria a chave para que empresas possam prosperar e trazer disrupções sob a nova ótica que surgiu em 2020.
“Um paralelo intencional com VUCA, BANI é uma estrutura para articular as situações cada vez mais comuns nas quais a simples volatilidade ou complexidade são lentes insuficientes para entender o que está acontecendo”, diz o criador da terminologia em seu artigo oficial.
Cascio ainda comenta: “Situações em que as condições não são simplesmente instáveis, são caóticas; nos quais os resultados não são simplesmente difíceis de prever, e sim completamente imprevisíveis. Ou, para usar a linguagem particular desses frameworks, situações em que o que acontece não é simplesmente ambíguo, é incompreensível.”
Ter a clareza de que o mundo VUCA passou para BANI já nos permite reagir de forma diferente ao que acontece. Cada vez mais as soft skills se tornarão mais importantes e precisamos do apoio das próprias ferramentas tecnológicas incompreensíveis para coletar e organizar dados para nos dar maior compreensão.
Em condições de igualdade não dá pra vencer uma espada com um cajado, as inovações tecnológicas requerem que usemos as mesmas inovações para lidar com a nova sociedade criada pelo avanço tecnológico.
Assim como para lidar com a fragilidade, precisamos de capacitação e resiliência e para lidar com a ansiedade, precisamos de empatia e cuidar da saúde mental. Num mundo não linear, precisamos prestar atenção ao contexto e sermos adaptáveis, já em um mundo incompreensível, precisamos de transparência e intuição.
Sugestão de Livros:
Pense de novo: O poder de saber o que você não sabe (Adam Grant);
Líder Ágil, Liderança Vuca: Como liderar e ter sucesso em um mundo de alta volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (Verônica Rodrigues);
A estratégia do oceano azul: Como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante (W. Chan Kim, Renée Mauborgne);
Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas (David Epstein);
Antifrágil (Nova edição): Coisas que se beneficiam com o caos (por Nassim Nicholas Taleb);
O poder da simplicidade (Susanne Andrade);
Lean Inception: Como alinhar pessoas e construir o produto certo (Paulo Caroli);
Da estratégia ágil aos resultados: Uma combinação de abordagens adaptativas, mudanças dialógicas e gestão avançada de projetos (Heitor Coutinho);
A startup enxuta: Como usar a inovação contínua para criar negócios radicalmente bem-sucedidos (Eric Ries);
Avalie o que importa: Como o Google, Bono Vox e a Fundação Gates sacudiram o mundo com os OKRs (John Doerr);
O novo poder: Como disseminar ideias, engajar pessoas e estar sempre um passo à frente em um mundo hiperconectado (Henry Timms, Jeremy Heimans);
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