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O que é Economia Comportamental

A Economia Comportamental é um campo relativamente novo, surgido da incorporação de avanços teóricos e descobertas empíricas vindos da psicologia, neurociência e outras ciências sociais ao estudo econômico.


Seus estudiosos criticam a visão tradicional da economia, que se baseia na ideia do "homo economicus", um ser racional, focado no interesse próprio e com capacidade ilimitada de análise. A visão clássica supõe que o mercado ou a evolução natural corrigem eventuais falhas de decisões derivadas de uma racionalidade limitada.


A Economia Comportamental argumenta que, na prática, as pessoas tomam decisões baseadas em hábitos, experiências pessoais e regras simples. Elas buscam soluções satisfatórias, priorizam rapidez, enfrentam dificuldades em equilibrar interesses de curto e longo prazo e são fortemente influenciadas por emoções e pelo comportamento de outras pessoas. Os economistas comportamentais propõem modelos que consideram essas influências psicológicas e emocionais no processo de decisão, oferecendo uma abordagem mais realista.


Para isso, o método experimental é amplamente utilizado, permitindo aos pesquisadores explorar como esses desvios da racionalidade influenciam as escolhas dos indivíduos.


Surgimento e Desenvolvimento da Economia Comportamental


A Economia Comportamental surgiu com o objetivo de integrar descobertas da psicologia à economia, visando a criação de modelos mais realistas das escolhas individuais. Durante muitos anos, essas duas áreas seguiram separadas, com a economia focada em previsões matemáticas e a psicologia na experimentação. No entanto, a partir dos anos 1950, autores como Herbert Simon buscaram mudanças, propondo o conceito de "racionalidade limitada" para descrever como as limitações cognitivas impedem decisões totalmente racionais.


A verdadeira virada veio nos anos 1970, quando psicólogos começaram a estudar o processo de decisão e a influenciar a economia. Dois trabalhos se destacam como marcos da Economia Comportamental: a Teoria da Perspectiva, desenvolvida por Daniel Kahneman e Amos Tversky, e o estudo de Richard Thaler, que destacou várias anomalias ignoradas pela economia tradicional.

O reconhecimento acadêmico também acompanhou o crescimento da área.


Entre 1978 e 2013, três Prêmios Nobel foram concedidos a cientistas ligados à Economia Comportamental. Em 1978, Herbert Simon foi premiado pelo conceito de racionalidade limitada. Em 2002, Daniel Kahneman recebeu o Nobel por seus estudos sobre como a racionalidade humana é limitada, com a ausência notável de Tversky, seu parceiro de pesquisa, que faleceu em 1996. Em 2013, Robert Shiller foi laureado por suas análises sobre preços de ativos, sendo descrito como pioneiro nas Finanças Comportamentais.


Esses prêmios evidenciam a relevância e o crescimento contínuo da Economia Comportamental, que vem se consolidando ao longo das últimas décadas.


Assista o vídeo do Canal do Youtube "Economia Comportamental", onde Antônio Matheus Sá explica sobre o tema:




A Neuroeconomia


A Neuroeconomia surgiu como uma área interdisciplinar unindo Economia Comportamental, Psicologia Cognitiva e Neurociência Cognitiva, com o objetivo de entender melhor os processos envolvidos na tomada de decisão. Esse campo explora a base neurobiológica de comportamentos decisórios em diferentes contextos e fases da vida, incluindo comportamentos de risco e autocontrole. Pesquisadores renomados, como Paul Glimcher e Ernest Fehr, destacam como a Neuroeconomia permite testar e aprimorar modelos econômicos, ao integrar avanços das neurociências.


Desde os anos 1990, os estudos em Neuroeconomia cresceram significativamente, impulsionados pelo avanço tecnológico e pelo interesse em compreender como o cérebro influencia decisões econômicas. Modelos como a Teoria de Aprendizagem pelo Reforço, que envolvem o neurotransmissor dopamina, ajudaram a explicar como o cérebro processa recompensas e erros de predição, revelando novos mecanismos por trás das escolhas humanas. No entanto, apenas o entendimento dos sistemas neurobiológicos não basta para prever todos os comportamentos, sendo necessário considerar o contexto social e as interações entre diversas variáveis.


A Neuroeconomia também tem se aprofundado nas diferenças individuais e nos impactos de fatores genéticos, epigenéticos e neurobiológicos sobre a tomada de decisão. Estudos com quadros clínicos, como Parkinson e transtornos psiquiátricos, têm contribuído para desvendar o papel de áreas cerebrais e neurotransmissores nesses processos. Assim, essa área emergente continua a desafiar e aprimorar teorias econômicas tradicionais, fornecendo insights valiosos para outras áreas como o Marketing e a Psicologia do Consumo.


Finanças Comportamentais


As finanças comportamentais constituem um campo de estudo que analisa a interação entre razão, emoção e as decisões financeiras. Esse tema tem ganhado cada vez mais destaque no mundo dos negócios, atraindo a atenção de importantes prêmios de economia.


Mas o que são as Finanças Comportamentais? Em essência, elas investigam o comportamento econômico e os processos de tomada de decisão relacionados ao uso do dinheiro. O foco é entender como economia e psicologia se cruzam para explicar as escolhas financeiras das pessoas.

Esse campo de estudo considera as influências cognitivas, sociais e emocionais no comportamento econômico.


As finanças comportamentais surgiram ao se perceber que as explicações racionais tradicionais eram insuficientes para justificar certas atitudes financeiras. Por exemplo, enquanto a economia tradicional prega a importância de gastar menos do que se ganha para formar uma reserva, as finanças comportamentais buscam entender por que a maioria das pessoas não consegue manter essa prática.


É comum ver pessoas gastando além de suas receitas e enfrentando dificuldades em cumprir prazos financeiros, como o pagamento de contas. As finanças comportamentais procuram justamente compreender o equilíbrio entre razão e emoção na gestão das finanças.


As decisões financeiras são influenciadas por fatores como emoções primárias, influências sociais, crenças e padrões de comportamento. Além disso, há certos padrões recorrentes no momento da escolha financeira, muitas vezes inconscientes, como:


  • “Efeito Manada”: a tendência de seguir o que os outros fazem;

  • Excesso de confiança: acreditar que tudo ocorrerá como o planejado, ignorando a incerteza do futuro;

  • Confirmação: focar apenas em informações que reforçam a própria estratégia, desconsiderando os riscos;

  • Experiência da perda: dificuldade em reconhecer erros após uma perda;

  • “Efeito dotação”: valorizar excessivamente aquilo que se possui, rejeitando ofertas justas;

  • Ancoragem: usar uma referência pessoal de valor, mesmo que ela não reflita a realidade econômica;

  • Contabilidade mental: segmentar o dinheiro em “caixas”, em vez de gerenciá-lo de forma integrada.


Entender as finanças comportamentais é essencial para tomar decisões financeiras de forma mais consciente e racional, evitando erros causados por padrões emocionais. Isso permite reorganizar estratégias financeiras e gerenciar melhor emoções e crenças.



 

Faça o download gratuito do Guia Comportamental que foi organizado por Flávia Ávila e Ana Maria Bianchi.







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